A destruição do pequeno povoado de Paracatu pela lama da barragem do Fundão forçou seus moradores, entre eles o agricultor João Eloi, a se mudar para Mariana. "Aquilo me deixou triste. Não sei como as pessoas da cidade conseguem vive, é só comer, dormir e televisão."
"É como se o livro fosse um amigo meu. Não que eu seja conhecedora de diversos assuntos ou especializada em qualquer um deles. Não, o livro só é melhor amigo, com quem eu converso e troco ideia de vez em quando e, como você sabe, essa convivência influencia. Então o meu vocábulo parte daí. Eu converso com quem fala por escritos"
Fuzis, rifles, pistolas e bombas. Em um ano marcado pelo debate em torno das armas de fogo, onde presidenciáveis defendem a flexibilização das leis de acesso às armas. São Paulo recebe a Feira das Armas pela primeira vez
Enquanto conversávamos, Fafá apontava para os carros e caminhões da Samarco levantando poeira e atordoando a pacatez de Barra Longa. Passa o dedo em cima da mesa em que estamos sentados e mostra a imundez colada a pele. "Eles passam e jogam poeira pra todo lado. Limpei isso aqui agora pouco e olha como já tá"
A família do pedreiro Edmilson Felipe da Silva percebeu logo depois do nascimento da filha que os problemas de emprego eram secundários. No começo de 2016, com a lama já seca e assentada pelos caminhões da Samarco, a filha do meio, Marissa, começou a ter problemas respiratórios e tossia muito. Pouco tempo depois, as três das quatro filhas estavam com problemas de saúde relacionados à poeira de lama da Samarco
A aposentada Odete Cassiano passou dez horas em pé, na janela de sua cozinha, observando a lama que despencara da barragem do Fundão se aproximar. "Era um barulho absurdo, nunca ouvi nada igual. Parecia uma tempestade vindo, um tsunami.”
A reunião em Mariana marcava pouco mais de nove meses que a lama havia destruído Bento Rodrigues, primeira região atingida pelo rompimento da barragem. O presidente da Fundação Renova, designada pela mineradora como a entidade que iria administrar as indenizações dos atingidos, dava as caras pela primeira vez
Os últimos dias de vida do Rio Doce, destruído pela lama da mineradora Samarco em 2015, sob os olhos dos moradores de Barra Longa - única das mais de quarenta cidades atingidas a ter seu centro atingido pelos rejeitos de minério
Sob o sol forte, Adriano Sampaio remonta o movimento como se o tivesse presenciado um dia antes do nosso encontro. "Foi histórico. Tinha uma salinha para cada empresa, nas portas estava escrito: Vivo, NET, Globo…tudo nas mãos dos indígenas. Nunca tinha visto tanto botão junto. Sorte que um deles tinha conhecimentos de eletricista e desligou os fusíveis"
Maria terminava seus afazeres em casa, cuidando das plantações e das dezenas de quilos de lenha trazidas pelo marido quando o filho do vizinho, menino franzino e gago, desceu a rua de terra desesperado e bateu em sua porteira de madeira. "B-b-b-b-ento r-r-odrigues! C-c-c-aiu tudo!"