os primeiros contatos que tive com a história de Adriana foram por notícias que chegaram até mim em meados de novembro e que, durante o último semestre do ano, ganharam espaço entre grandes portais regionais de mídia do estado de São Paulo. Nas manchetes, sua identificação de gênero, origem e condição eram protagonistas. De cara, os títulos das matérias entregavam o que estava por vir: súmulas da história de superação de uma moradora de rua transexual. Só o que variava, a depender do mês, era o clímax das narrativas.

Em junho, um vídeo de Adriana comentando a greve dos caminhoneiros no país alcançou milhares de apoiadores na internet. Em julho, ela ganhou um lar provisório. Nos últimos meses, passou a ser retratada como a ex-moradora de rua que prestou a prova do Enem pela primeira vez.

Entre os textos, um vídeo resumia a trajetória da personagem nordestina de 29 anos que se apoiou na literatura para compensar a solidão das ruas. Nele, um dos relatos de Adriana faz lembrar um trecho manuscrito em que Antônio Cândido descreve, em terceira pessoa, a relação que cultivara com seus livros durante boa parte da vida: “Na verdade, ele os queria mais do que como simples leitura. Queria-os como esperança de saber, como companhia, como vista alegre, como pano de fundo da vida precária e sempre aquém”¹.

O dia em que conheci pessoalmente Adriana Eloisa de Aruanda fazia calor e era primeiro de dezembro. Por intermédio da organização Campinas Invisível (CPS), que leva o nome da cidade onde atua para colher relatos e repassar doações a pessoas em situação de rua, nosso encontro foi marcado para o meio da tarde e a entrevistada se atrasou. A conversa aconteceria em um pequeno imóvel próximo ao centro de Campinas, que fora cedido por um comerciante há pouco mais de quatro meses para Adriana se alojar, junto aos seus quatro cães vira-latas.

Momentos antes do encontro, um dos voluntários da CPS me contou que naquele mesmo dia Adriana havia mudado a disposição do espaço para me receber. Explicou que ela resolvera expor, logo na entrada de seu novo teto, uma biblioteca com todos os seus livros — ali então organizados aleatoriamente em caixotes de madeira, encostados numa das quatro paredes que dividiam o imóvel de cinco metros quadrados com um banheirinho.

Se apresentando como “Tia Dri”, chegou às pressas e molhada. Em seguida, prevendo as fotos que seriam tiradas momentos depois, colocou um vestido de festa branco e se perfumou enquanto escutava de mim uma breve explicação sobre o canal no qual a sua entrevista seria publicada. “Fora?”, me interrompia. “Quem vê de fora vê melhor, não é, amiga?! Se eu não tivesse tido várias exclusões na vida, não saberia as preciosidades que só se encontram estando fora”.

Eloquentes, as palavras de Tia Dri saíam aceleradas por uma voz grave e cantada, com a emoção de quem recita — ora em pausas, ora comendo seus finais — a poesia das ruas e dos livros.

Naquele fim de tarde, Adriana de Aruanda se certificou de reafirmar sua conexão com Antônio Cândido por suas próprias experiências, evocadas durante a nossa conversa e transcritas nas linhas que seguem:

MR: Qual o seu nome completo?

Adriana: Adriana Eloisa de Aruanda.

Eu queria começar te contando um pouco sobre o Fora, canal em que a sua entrevista será publicada. Ele busca falar sobre possibilidades de vida e atuação coletiva nas ruas…

Fora?! Esse negócio de você ficar de fora e observando?!

Também.

Na verdade, quem vê de fora vê melhor, não é, amiga?! Às vezes, estar fora é bem melhor do que dentro porque muitas vezes o dentro pode ser uma prisão. Pessoas dentro da cadeia, dentro do hospital e dentro da alienação particular de seus lares. Mas se eu não tivesse tido várias exclusões na vida, não saberia quais as preciosidades que só se encontram estando fora.

Quais são elas?

Aí é que tá…Você pode não ter a companhia de ninguém, mas tem contato com todo mundo. Você olha a pupila de diversas pessoas e analisa como elas estão te analisando. Mas, na verdade, você é quem está se analisando através dos olhos delas. E isso só pode perceber daqui de fora, quem se permite estar. Porque lá dentro essas coisas não acontecem, infelizmente não acontecem, pois não há variabilidade de espécie com o ser humano que segrega. Afinal de contas, pra crescer e sobreviver o ser humano tem que agregar, tem que conviver. Os homens não eram das cavernas, senhora, eles apenas dormiam lá.

O que você está chamando de dentro?

Quando a gente quer alguma coisa dentro, a gente prende ela. Existem muitos lugares em que você pode estar dentro e estar fora ao mesmo tempo porque quem vê de fora tá sempre dentro. O único jeito de harmonizar isso com toda natureza e as pessoas é saindo lá fora, porque quem fica na janela só observa, não entra lá fora. Quem entra lá fora para de se excluir, porque quem acha que está dentro, na verdade, está fora da participação coletiva da vida e sua harmonização. Do crescimento e da contribuição humana, da movimentação, realização, autodescobrimento e contribuições diversas. Recebimentos também, entende, senhora?!

O que os livros significam para você nesse fora?

É como se o livro fosse um amigo meu. Não que eu seja conhecedora de diversos assuntos ou especializada em qualquer um deles. Não, o livro só é melhor amigo, com quem eu converso e troco ideia de vez em quando e, como você sabe, essa convivência influencia. Então o meu vocábulo parte daí. Eu converso com quem fala por escritos.

A rua, o que é pra você?

A rua é praticamente um lugar de aprendizagem. Você quer saber sobre a vida nas ruas, é isso?! O estar e viver na rua, né?!

Gostaria que interpretasse a pergunta da forma que preferir.

Pra mim, a rua é simplesmente um mar de descobertas boas e péssimas. Divinas e desgraçadas. Uma sensação de auto descobrimento me faz pensar que não vale a pena entrar numa metalúrgica, afinal de contas alguns valores internos que possuí dentro da rua me ensinaram que vale mais a vida que eu escolhi do que o dinheiro. Eu não sei, eu interpreto a rua assim, como a liberdade, a dificuldade, a lastimosa, mas também o único lugar que você pode ficar sozinho, porque a rua também é perigosa. E são nessas horas que você aprende o que significa parar de ter medo, porque você não tem pra onde correr. Então você precisa aprender a enfrentar o seu medo. Existem algumas ruas aí que são sem saídas. Becos e vielas, túneis escuros de ruas escuras, em que não há uma fresta de luz entre uma ponta e outra. A única condição que você tem pra enxergar é a sua própria visão, já reparou, senhora?! A gente consegue achar coisas no escuro, amiga, acredita nisso?! Parece que existe uma luz dentro de nós, mas é só ali, na escuridão, que a gente percebe. A luz no fim do túnel sou eu. Eu estou no fim do túnel.

Quando foi que você percebeu que não adiantava ter medo?

Ah, quando eu me posicionei dentro desses momentos solitários e eu percebi que era uma mulher negra, e que só era mulher na minha cabeça porque pros demais eu era um homem louco. Porque, afinal de contas, eu sou uma mulher trans, entendeu?! E, fora esses aspectos, minha origem é nordestina.

Onde você nasceu?

Eu nasci no Morro de Ouro Preto [bairro de Olinda], Pernambuco. Mas os papéis são de Paulista [município de Pernambuco] porque o cordão umbilical foi cortado lá. Eu nasci sozinha, não precisou nem de força de minha mãe, podem perguntar, nem doeu. Então eu vou entrar e sair da vida sem ter que machucar ninguém.

E como os livros apareceram na sua vida?

Quando eu fui pra FEBEM, em 2002. Tinha acabado de chegar em Campinas, fugida da instituição Cidade dos Meninos. Assisti a um assassinato brutal com requintes de crueldade, foi a cena mais dramática que eu já vi na minha vida, com doze anos de idade. Infelizmente, eu quis ligar do orelhão pra polícia, pro corpo de bombeiros e pra todos os telefones de socorro. Eu voltei no lugar para ver se eles tinham ido socorrer o cara, e aí foram três crianças fugidas que foram comigo para o mesmo lugar. Aí depois de algum tempo a polícia nos encaminhou ao conselho tutelar porque sabiam que nós estávamos caminhando junto ao rapaz que matou. Ele tinha 17 anos e a gente tinha acabado de chegar na rua. Na FEBEM, os meninos de lá conversavam coisas muito estranhas que não soavam bem no meu ouvido. Afinal de contas, eu tenho um gênero diferente do deles. Então eu ficava muito assustada e desbaratinava lendo livro, pra não trocar ideia com ninguém. E o único livro que tinha lá era a bíblia cristã. Eu não sou religiosa, não tenho nada a favor nem contra nenhuma religião. Perdão, na verdade eu tenho algo contra todas: a falsa pregação de especificidade, acham ser um povo especial, divino, santo e separado dos demais. “Alguns vão ser escolhidos e outros vão perecer”, dizem. Então eles já vivem a condenar alguém, quando Deus diz pra nem julgar. É muito contraditório, todas as religiões querem pregar o amor e para isso devem segregar-se das outras que não amam.

Me conta mais sobre os seus primeiros contatos com os livros.

Foi na FEBEM em Iaras [Avaré], ali tinha mais variedade. Eu fui pra lá acautelada com 16 anos de idade por causa de duas rebeliões que teve na UAP-5 [Unidade de Acolhimento Provisório]. Me colocaram numa FEBEM de alta contenção, ou seja, com incidentes graves, para especialistas no crime. Entendeu?! Se eu quisesse, amiga, eu podia ser aqui uma estupradora, estelionatária, porque tive contato com muitos que hoje exercem esse tipo de profissão por ter passado por aquela faculdade. Só que eu fiquei matando aula, lendo livros. Saí de lá depois de um ano e quatro meses, mas pelo menos foram muitos livros os que eu li naquele lugar.

Quando li as matérias que saíram sobre você, muito se falava sobre a sua figura de mulher transexual, ex-moradora de rua…

Ex-moradora de rua? Eu não sou ex-moradora de rua. Eu vivo com essa porta aberta, quando vocês chegaram aqui ela estava aberta, amiga. Eu sou como todos os outros moradores de rua e em nada difiro. Eles todos são honestos, eles todos são vítimas, eles todos são vilões também, eles todos são como eu e eu sou como todos eles.

O Filipe [do CPS] me contou que você dorme aqui com a cabeça voltada pra rua às vezes. Por que isso?  

Sempre, eu durmo sempre com a cabeça voltada pra rua. Porque os cães ficam atrás e eu fico na frente. Quem achar que eu estou sozinha eles pegam, quem quiser pegar eles têm que passar por mim.

Mas então é pela sua proteção?

Não. Na rua sempre fora, mas agora virou um costume. Além de ficar me protegendo, também tem a paisagem do céu azul, escuro, cinza, dourado na madrugada. Você já viu? Só quem dorme olhando pro céu…E acordar olhando pra ele também não tem preço. É de verdade, amiga, isso vicia. Eu sou dependente do som das ruas, do céu, do ar, das árvores e do barulho do vento. Sou dependente da solidão e das companhias. Eu sou dependente da vida, dependente do viver. E quem me ensina isso é a solidão.

O que ela ensina?

Eu nunca pararia pra pensar nisso, nessas coisas que eu te falo, dentro dos barulhos externos, obedecendo as regras e normativas que me privariam do próprio existir. Conheceria o anfiteatro da minha mente se eu ficasse sozinha ou no meio de multidões preocupada com o que os outros querem que eu seja?! Não. Eu acho que por negar-me a ser vendável, eu fui excluída. E quem exclui-se, permanece sozinha, mas pelo menos interage consigo mesma. Tem gente que ganha tudo na vida, mas como diz Augusto Cury “desconhece o anfiteatro de sua mente e não se conhece²”, vive uma imagem. É por isso que eu tenho medo quando as pessoas passam as coisas sobre mim na internet, porque eles podem estar comprando uma imagem. Mas, pelo sim ou pelo não, todos vão ficar sabendo que existiu uma moradora de rua que, na consciência dela, foi uma ótima pessoa e que falou do que a terra realmente precisava. De amor, lá fora.

Você tá me ensinando um monte aqui.

Não, eu que estou aprendendo contigo porque quem está falando é a imagem que está nos seus olhos.

Então você acha que a relação com o outro é sobre isso?

Sim, é sobre entender que somos uma coisa só. Iris são diferentes, globos oculares são diferentes, mas a pupila não, são todas um buraquinho negro. E pérolas negras são raras por aí, senhora, cada um de nós tem duas. E ninguém vai tomar.

Por que quando te falaram que eu vinha você quis arrumar esta biblioteca aqui? Foi pra me mostrar seus livros?

É, foi justamente pra você.

Queria entender o porquê.

Porque eu estou falando por eles. Entende quando eu falo sobre a imagem que vejo nos seus olhos?! Estou vendo uns caixotes com uma pá de livros [referência à biblioteca montada atrás dela, de frente a mim] e são eles que estão falando e não eu. As mensagens foram gravadas em mim e trechos de livros foram ditos aqui. É lógico que articulados pela minha própria cognição, passando uma mensagem interna, que tá dentro de mim. Quer ver um exemplo?! Eu não preciso nem escolher, escolha um você [aponta para os livros]. Ele vai falar com você, alguma coisa ele vai…Não leia o título, vai lá, dá só uma olhadinha, escolha um bonitinho que eu pego.

Aquele do Machado de Assis, ali, à esquerda.

Vamos ver o que o Machado vai falar pra você…Eu leio os livros assim, senhora, eu abro as páginas assim [aleatoriamente] e saio lendo. Se alguém tivesse me conhecido, pensaria que eu faço leitura por estudos didáticos, mas nunca fizera, deus me livre e guarde! As escolas projetam alienistas…[Abre o livro nas páginas finais, aponta pro título do conto e ri, surpresa] Ó: “O Alienista: um hospital para doentes mentais, a casa verde, onde recolhe todos os que ele acredita loucos”. E aí, senhora?! Gostou de ouvi-lo falar?! E o pior, parece que ele estava ouvindo a nossa conversa, não é?! Tá escrito aqui: “um hospital para doentes mentais, a casa verdade, onde recolhe todos os que ele acredita loucos.³”

Você chama de “a casa verdade”?!

Não, Machado de Assis. Eu não sou louca, senhora.

Sei que não. Eu tento dar essa ênfase pros livros porque também foi uma coisa que entrou na minha vida e…

…modificou você.

Completamente.

Aliás, você se ligou com o livro como se ligam em você e você comigo.

E por que você acha que acontece isso com a gente?

Porque a gente dá valor a pessoas que existiram, mas não morreram. A gente dá valor a Capitães da Areia, entende?! Eu dou valor às histórias do realismo, daquela era, sabe?! Porque eu gosto de verdades. Eu gosto de livros da literatura brasileira porque eles contam um pouco da história da nossa nação, como Joaquim Nabuco, Tobias Barreto, Joaquim Manuel de Macedo, com a Moreninha, o Moço loiro, et cetera. Romancificando as histórias reais que passaram pela nossa nação, como vítimas algozas. Eu acho que eu sei onde estou porque eu conheço pessoas que estiveram aqui há mais de cem anos e que falam comigo. Deixaram algumas palavras aqui. Diz-se que Jorge Amado morreu, mas a língua ficou pra fora porque ele está falando até hoje. E eu gosto de ouvir. É isso que os livros são pra mim, é assim que eu me dou com eles, desse jeito. Eu não sou didática, não quero me especificar em um assunto, quero apenas entender a mim, a vida, as coisas e as pessoas, com os reais olhos, senhora. O que eu estou dizendo é que cada um tem seus defeitos e, assumindo-os, a gente faz uma redução de danos. Eu poderia ser uma nóia, senhora. Poderia estar querendo vender meu corpo aqui e agora, não ceder sequer um segundo o meu tempo pra você, porque estaria alienada. Mas eu li livros, aprendi a cuidar de cães e a plantar coisas e isso me dá prazer também.

Aquelas plantas ali, foi você quem plantou?

Não, peguei no lixo e vou replantar agora.

Aquela mais espinhosa ali é babosa, né?

Eu sei, e com ela faço creme pro cabelo, é natural. Os livros me ensinaram muitas coisas, amiga.

Inclusive sobre a babosa?

É lógico. Que ela faz bem pro cabelo e pra pele, pra cicatrização e outras tantas doenças venéreas, se bem manipulada, junto com a arruda e diversas outras plantas e raízes.

Você tem conta de quantos livros você já leu?

Ah, não sei não, amiga…Os guardas municipais roubam muito de mim, mas sim, eu já li bastante, tô sem o Capitães da Areia, de Jorge Amado, versão original, que foi o que eu mais gostei na minha vida.

Por quê?

Porque as palavras que ele escreveu…Foi o primeiro livro que eu li, na verdade, a primeira edição, a mais antiga, entende?! Não tinha modificações.

Pra terminar, o que a rua te trouxe que os livros ainda não puderam trazer? E vice-versa.

Essa é fácil, amiga, só algumas palavras. A rua me trouxe a vivência e eu só não me perdi até hoje porque eu tive referências, dos livros.

Você é poeta, não é?

Não sou…Só tô atrasada pro corre.

Gostaria de me falar mais alguma coisa?

Só mais uma. As minhas lutas individuais existem em função da maioria, do coletivo. É por isso que nas nossas lutas particulares cada um tem a sua cruz, entende?! E cada uma dessas cruzes constrói uma ponte. É só não colocá-las na mesma posição. Tem dois pauzinhos aí? Eu gostaria de te mostrar. Bom, faça assim com os dedos [formamos uma cruz com os dedos indicadores]. Agora, ao invés desse ir lá em cima, você coloca o menor lá embaixo [com os indicadores formamos um ‘L’/ ângulo de noventa graus] e a cruz foi invertida [aproximamos nossos ‘L’s’ e formamos uma espécie de quadrado com arestas (pontas dos dedos) pra fora]. Pronto, a ponte foi construída. Agora nós podemos passar.

Vou ter de desenhar isso na matéria, não sei como vou fazer…

Pois desenhe. Isso saiu de mim, não veio dos livros.

 

1. Manuscrito do escritor, sociólogo e crítico literário Antônio Cândido, datado em 17 de janeiro de 1997, extraído de um dos quase cem cadernos deixados pelo autor de Formação da Literatura Brasileira.

2. Trecho do livro “Dez leis para ser feliz”, do escritor brasileiro e médico psiquiatra Augusto Cury.

3. Trecho do conto “O Alienista”, do escritor brasileiro Machado de Assis.

Manuela Rached Pereira é jornalista, editora da Saci e trabalha com produção de conteúdo em projetos de cultura e comunicação no canal Fora, que publicou originalmente esta entrevista.

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